Posted by Dionísio...

Digo aos meus pais
Que sei me cuidar

Digo a conhecidos
Que o governo é que não cuida de nada

Digo ao sertão nordestino
Que a culpa é da seca

Digo à família Marinho
Que me orgulho da tv brasileira

De tanto que eu digo,
É capaz que meus pais acabem acreditando em mim
De tanto que já disseram -dizem e nada fazem-
O país já até se conformou com um governo assim.
De tanto que a tv Marinho nos enrola a cabeça
Eu e os nordestinos,
Nem nos damos conta sobre a verdadeira Indústria da seca.

Vai pelo mundo

Posted by Dionísio...

Vou,
me divirto.
Vejo,
reconheço,
sigo.
Encontro pedaços.
Coleciono
passos e vidas
enquanto dialogo mentalmente
com muitos "eus".
Faço desenhos mentais.
Escuto vozes.
E a cidade emudece,
enquanto passeio.
Sou só pensamento...

Até que,
tropeço.
Pedra no meio do caminho,
calçada torta,
o lixo que alguém deixou.

Me resta o riso
de imaginar
que melhor teria sido
tropeçar numa lembrança...

Caros Senhores e Senhoras do Mundo

Posted by Dionísio...

Meus caros senhores
e senhoras do mundo
entender-me pudesem!
não acredito em deus
porque me diz respeito não crêr
não deixo de pensar em deus por ele
mas por mim
se o problema fosse deus
beijava-lhe os pés
se o diabo, neste cospia
mas vejam que cena
que estupidez existir
pergunto: para que existir?
e me respondem: para duas coisas,
adorar a deus e renegar o diabo.
repito: que estupidez existir.

agora precisam de mim
para escolher entre os dois
nem deus nem o mundo
e derrepente me dão
o voto último
que culpa tenho eu
se o outro não gosta do do um?
entendão-se eles que são eternos.
antes, enterder-me pudessem!
se o problema fosse deus
cederia eu: existe, ele.
ele sim , que é deus, não eu.
eu não sou deus: eu não existo.
não existo!
e antes disso nasci,
percebem agora o tempo que não tenho?
para quem tem eternidade
faz sentido perder tempo
a beijar um, cuspir noutro.

não existo!
eu não tenho eternidade.
aí vem um "ele" e diz que eu tenho.
ora! não existo.
não tenho, entendo de mim mais que um "ele".
e por não ter a eternidade
quero o direito as que realmente tenho.
se não existo, logo é nada
quero direito ao nada.
tenho direito ao tempo entre
meu nascimento e minha morte
entretempo este que subestimam
diante do que chamam eterno.

querem viver para sempre?
têm todo o direito!
e todo tempo tem também
para achar um sentido
caso um dia percebam
a estupidez de existir
a beijar um e cuspir noutro.
mas se nunca atinarem com isso
que se deliciem com o eterno
que façam festa com seus céus e infernos.
mas que não sejam em detrimento
do meu único entretempo,
a que chamo vida, imteira.
a que chamam pedaço
de uma coisa maior.
eu que, talvez sério demais,
chamo a vida de vida
e não pedaço da mesma.

mas talvez não me entendam
porque, apesar de eternos, não tem tempo,
ou não querem, tempo.
porém se trata aqui de mim
não da existência de deus, que desconheço.
quem quiser viver pra sempre, viva
eu quero é nada mais.
não me botem alma empalhada.
é errado o homem dizer
mesmo em horas da mais completa serenidade
fundo no vazio do tempo,
preso antes a falsa moralidade servil.
que se libertou.
é liberto, e não regridirá mais...

O que não tem limite

Posted by Dionísio...

enquanto você
me abraça
e dorme
em mim
eu durmo
com você
no
pensamento

o que me assusta é que eu não acho o que quero te dizer.
mas em resumo é que hoje eu te amo mais do que ontem.

As Cafonices é que Dizem Tudo

Posted by Dionísio...

Planos, conversas, sorrisos,
filhos,casamento,vida, nós,
sorrisos, abracinhos, silêncio,
beijinho, planos, dois...

aqui, lá, sorrisos, planos,
amor, cumplicidade, mais,
sorrisos, ternura, lágrimas,
chorar de rir, chorar de dor,
alegria,tristeza, caminho...

cachorro, apartamento, preto,
branco, melhor, superar, dinheiro,
vida, eu, você, tempo, leve,
felicidade,carinho,querer bem,

perto, junto, aqui,dengo,
sono, olhos fechados, sonhos.
Por que ela é assim, leveza.
Tão significativo quanto a vida.

"Torna-te quem tu és"

Posted by Dionísio...

Como alheio de mim mesmo

E com a crueldade de ser honesto

Corto superfícies e máscaras

E olhando no abismo

Envolto pelo silêncio

Reencontro a profundeza

Reencontro minha morada

Vejo além do ator que há em mim

Des- conexo

Posted by Dionísio...

Conheci uma menina
Como um enigma
Que não se decifra
Pois o que só se olha
Esquece de buscar resposta
Não merece sofrer de lógica
A vida nos pôs na passada
Que dá na mira da transfiguração
Fomos juntos ao sorriso único
E juntos fomos o socorro de muitos
E, no que importa, parceiros se
Para nunca desde sempre foi
Não faremos amor ou guerra fria
Faremos a vida como se acontece
Valer mais a pena o que valha acontece
só sabia que era possível saber
e sabia que me ria de não sei o quê
de pensar que esse acaso vertical
podia me abraçar um dia na horizontal
E como isso é silêncio preciso do impreciso
em tudo que jaz em meu corpo metafísico
Que faz e em tudo que despreza de mãos dadas
Perfeito e posto de lado em si
Sim: perfeito e de lado em costas
Sim: como se explica tudo com o não
Sim: sei que um idiota qualquer
o faria, mas disso basto eu entregue
Saber sim que me amarro, sorrio,
Sorrio: um sorriso amarelo e confuso
Me alegro em desespero fingido
Isso é coisa que eu gosto e desminto
Que aconteça e assim se faça como ação
Sei lá. Talvez o meu único modo
De conservar perfeita uma coisa viva
Seja tirá-la a vida e fazê-la saudade
prazer: de virar a mesa em escândalo
prazer: Porque ela me afronta sem mais
prazer: Óh, a insanidade de talhar
As melhores artes des-completando-as e
quebrando-as para viver toda a amplitude
Que há das alturas até o nada que a contém
(um expectador do meu próprio teatro vazio)
Consigo ver as coisas assim em preto e branco
Em crua dor, mas livres de maldade encarnada
Nunca me disseram que isso é certo, por certo
Mas não faço questão de ser quadrado em paralelo
Não a amei como ensinam os livros em des-nexo
Mas assim, como se ama a liberdade linear
Eu estrago as coisas, é verdade, bem sei
Sim, eu carrego no peito esta culpa desnuda
Mas com um coração frio como em melódicos
Dias de verão intenso num marseco vivo
Se não houvesse espelhos para conter
o tempo ainda teria dez anos e a falta
não mais haveria daquilo que não sei
E nunca soube bem donde vem o acaso
Apostaria tudo no brincar e morreria
Sem saber o que matava a morte
que mata sem saber que existi a morte

I

Posted by Dionísio...

O pagamento silencia as massas,
Tirando de um para dar ao outro
A unidade sentou lá atrás
Deslizando em agressão.

Nascemos em nossa própria miséria
bebemos do verbo tinto burguês
Observamos crianças morrendo e
Roubamos tudo o que nos deram

Em legítima defesa bebemos o veneno
Mas temos medo de gritar nossa voz
Estamos cegos pela lâmina do punhal
Que afia sua ponta em nossa língua

Até sua razão deu ás pernas
Depois das lutas ao lado da verdade
Caindo em contradição com seu ideal
Onde bebem as moscas o tinto do verbo


Mas que se levantem por suas certezas
Até descansarmos num sono profundo.
Que lutem em defesa da história, feito
Quem bebe do puro gole de cachaça

Sentimento ( onde o tempo passa lento)

Posted by Dionísio...

Eu visto rostos seus em cada espelho
Da cidade ou em cada passo dentro da
Minha consciência em estado proibido
Carrego o impacto da sua extensa dor
Mas não me importo em te ajudar
Eis a definição de uma palavra que não
Passa de apenas uma entre tantas
Outras perdidas entre as pessoas
Coisificadas pelo tempo ou coisa.

Consigo sorrir onde o tempo passa
Arquitetando o espaço da estrada
Onde passa o vulto dos sonhos
Mas eu não carrego toda a culpa
Das pedras rachadas da tristeza
Do desprazer que abraça a sombra
Abandonando ao lado das memórias
O que se troca por momentos tudo
O que pudermos inventar e distanciar

Então avante toda a honestidade
Diminuto feito asco, fato, feto
Onde o tempo passa lentamente
De um sonho que não é só meu
De uma vóz esquecida atrás dos
Torpos da vida lenta, tão lenta...
Eu alcanço o horizonte para ver
O verso num tal momento que por
Hora fecham meus olhos já secos

Aprendendo a ser só II

Posted by Dionísio...

O dia foi estranho e intenso
Do início ao fim, perdida por
Entre papéis coloridos, fotos de
Momentos bons e um outro som
Que fazia lembrar os sentimentos
Herméticos esquecidos na memória.
Ela declamou frente o espelho com
Apenas o desejo de estar pronta
Para esta monótona melodia falsa.
No caminho o silêncio fazia a trilha
Sonora para sua dor. Adilson Ramos
Calava lento seu “Sonhar Contigo” e
Levava seu penar leve como pena
Pela subversiva década de sessenta.


A mulher com o coração colorido
Compunha suas melodias pelas ruas,
Perante um oceano negro eternizou
Seus cegos joelhos em ritual de prece
De cabeça baixa, entre os relâmpagos
Que lhe tomara as idéias, chorou.
Chorou acentuada a chuva sofrida.
Chorou um aguaceiro confuso e intenso.
Chorou sua solidão poética e infiel.
Extravasou seus segredos pranteados
Cantados na ilusão microtonal dos gritos
Restando apenas o pó, o pólem que o
Ventoespalha onde nascem as águas
Submersas no silêncio da existência.

Aprendendo a ser só I

Posted by Dionísio...

O dia da despedida foi intenso.
Do início ao fim ela se perdeu
Entre papéis coloridos, fotos de
Momentos bons e um outro som
Que fazia lembrar os sentimentos
Herméticos esquecidos na memória.
Declamou frente o espelho com
Apenas o desejo de estar pronta.
E desculpas. Chorou. E implorou.
No caminho o silêncio fazia a trilha
Sonora para sua dor. Adilson Ramos
Calava lento seu “Sonhar Contigo” e
Levava seu penar leve como pena
Pela subversiva década de sessenta.


A mulher com o coração colorido
Compunha suas melodias pelas ruas.
O encontro foi dolorido e a coragem
Tremia em todos os seus mímicos gestos
Trazia um sorriso anêmico sem utopias e
Aflito sem caber de imaginar o final
Interlingual numa bandeira incendiária,
Nas mãos, a dor carregava o vento cansado
Passado sem presente. Um dia, ela olhou
Para fora com os olhos de dentro. Um dia,
O fora se fez presente mostrando o sopro que
Apaga chama e reacende o que for para ficar...
(O desejo. O cheiro. O flerte. O toque. O olhar
E saudade, saudade, saudade, saudade, saudade...)

II

Posted by Dionísio...

Nunca chega a hora

Mudo, nada muda

Volto, nada muda

Avanço, nada muda

Desisto, e me empurram

(mas não é preciso escolher o fim

podemos optar pelo medo cansado

baixar a cabeça, suspirar, esperar:

– acorrentados ou caminhando –

no fim, não temos escolha

sonhamos no mesmo lugar...)

Seja bem-vindo

(aqui é o começo)

Abrace sua quimera!

Boa viagem!

(aqui é a chegada)

Hora nenhuma.

Os Condenados

Posted by Dionísio...

O vazio de quem passa é assustador.
É aquele vazio que devora por dentro e mete pena.
Mas uma pena que mete medo.
Um peso incalculável da escuridão da noite fria que gela o sangue e ouve sem guardar as vazias mentes dos que passam, de chaminés na boca e oceanos de loucura nas mãos, dentro de caixas de vidro.

Não têm leme, vagueiam.
Não têm vida, existem.
Não pensam, devoram.

Devoram e regurgitam tudo o que lhes foi dado a comer pelos funis do mundo.
Mas é o silêncio da noite que assiste ao seu próprio quebrar pelos que lá passam, sob o coro das estrelas que cantam melancolias sobre as suas vidas de cristal.
É o poste de luz que assiste ao seu próprio inalterar pelos que passam por ele, sob a sua falsa luz.

Quem seria assim?
Quem poderia ser assim?
Quem poderia dedicar-se tão fortemente ao vazio a ponto de conseguir alargá-lo?
Será que se expande mesmo?
Será que cresce?
Ou será que apenas se estende?
Estende-se?

Como um silêncio que se instala depois do silêncio anterior, apenas pesando mais no ar porque a nossa consciência terá descido mais um pouco para lhe dar espaço, como ao ar numa garrafa bebida?
Sentimos o tremer de algo que não existe?
O temer de algo que não se vê?
Não?
Então para quê as vozes, se não dizem nada?
Porque cantam o silêncio da noite, a infinita piedade e repulsa por quem não tem leme ou vida, porquê?
Porque é tão imponente um silêncio que deixa de ser silêncio para ser cantado?
Porque consegue ser o contrário do que é, e isso assusta...
Beleza, melancolia de gelar o sangue.

Enjaulados ( dilacerou)

Posted by Dionísio...

Pra muitos, "curtir" o aqui-e-agora é o único sentido que a vida pode assumir. Para essas pessoas as coisas jamais vão melhorar para todo mundo e o que resta é uma luta de tolos contra todos, para ver quem vai conseguir seu lugarzinho ao sol.
É a turma do "salve-se quem puder", não a-toa, é essa ideologia mesquinha e pragmática que hoje impera em todo o mundo-ou pelo menos em grande parte dele. Entre os jovens ela provoca grandes prejuízos, não é preciso ir além da primeira esquina para encontrar-mos algum(a) jovem cujo o principal objectivo de vida é o de possuir uma roupa de grife! Não digo que seja errado, mas não podemos viver enjaulados pelo capitalismo...

"Em meu lindo jardim de cabeças humanas, planto as ideologias neoliberais do fim dos tempos. Cabeças com fome de pensamentos egoístas, a raça de meu jardim pensa que domina sua terra e seu ego.Vivem tristes com a amputação de seu sexo, são arrogantes com o diferente. As vezes quase sinto pena desses pobres arrogantes que pensam saber de tudo e a humilhação alheia é um hobby, mesmo assim decido regá-las com o mais puro sangue jesuíta. Caminho por entre elas derramando consciência, ainda sim ignoram-me, fazem questão de mutilar meus pés com seus dentes hipócritas...
Sigo o meu caminho na plantação- que é a profecia do fim- derramando mais sangue e esperando para que o primeiro facho de luz brote do vazio de seus cérebros inúteis."

Balé das Balas

Posted by Dionísio...

Vivem então em meio a um balé de balas
Que ressoam a música da morte sem alma,
Como o sono sem fim, ou morte sonolenta.
Vivem como asnos dando voltas ao redor
Sem fim até que andante bala toque o teto
Do infinito colocando em finito estágio asno.
A bala desbrava a selva do corpo corroendo
Os sentidos dentro, colocando-o em estado
Vegetativo, mas a bala de mais a mais, não
Faz grandes subversões no cadáver-epitáfio.

Tão sem sentido epífito tacanho corpo-abrigo
Antes sem serventia, agora jogado com mais
De nada a dar e mais menos serventia ainda.
Assassínio violento em palavras vetantes
Que passam feito balé de balas assassinas.
Festivas com mortes petrificadas e fricativo
gesto líquido criticamente desesperado e vão.
Ela, ainda que sem sentido sacrário, infame
Em forma metálica, executa seu sacrifício de
Viver agora em decrépito cadáver-epitáfio.

Corpo

Posted by Dionísio...

Sou um corpo
Que dói nos sentires,
Porque o relógio
Das pessoas
Com ponteiros
No tempo amargo
Cantou três vidas
Em que não sei
Porque não sei
Sem que eu saiba.

Já não percebo
As canções do mundo
-Três ponteiros de
Tempo se você quiser.

Nas pessoas, foram apenas
Uma estação em que
A mulher, todos os dias
Se masturbava a olhar-me.

E eu, por minha vez,
Já me tinha esquecido de
Limpar o pó da chave do coração
Que voanda alto sobre as tintas.

Sou um corpomente só meu
Que não tem valor por si só
Nem nos ponteiros de mim
Nem no tempo imperfeito
Nas pessoas existentes

No meu peito estava uma
Sombra à espera
De nascer para a redenção

Querem

Posted by Dionísio...

Querem

Querem-me possuir.

É arte.

É arte dos ponteiros

Ou das pessoas

Ou do tempo

Das pessoas

Nos ponteiros.

Heim?

Posted by Dionísio...

Quantos?
Quantos livros,
Quantos filmes,
Quantos discos?
E os sorrisos,
Quantos?
Quantas vezes, do melhor ao pior?
Quantos rostos?
Quantas unhas, suor?
Quantos medos,
Espelhos, segredos?
Lábios, línguas, saliva…
Conta!
Canta!
Quantos pratos, copos,
Tratos, contratos, retratos?
Quantos pedaços de plástico?
Quantos momentos mágicos?
Erros pra pra consertar,
Lembranças para guardar…
Quantos dias?
Quantas horas?
Quantas?
Você saberia contar

Os Cegos (O Cego)

Posted by Dionísio...

O cego segura a vasilha de vinho,
Deus o bebe sem que as moscas o percebam

O deus, do lago dos cegos,
reflete no espelho d'agua a imagem
dos olhos cegos das moscas que povoam
as praças dos subúrbios do quadro emoldurado.

[E se eu lhes desse uma folha em branco?
Se eu lhes desse só mais um dia?
E se eu lhes desse uma vida em branco...

-O fim seria misterioso
como vaga lumes que povoam
os finos pelos das sombras]

O cisne, do lago dos cegos, projeta
imagens passíveis de existência...

O deus, do lago dos cisnes, só existe
como coisa, porque a coisa existente
existe primeiro sem que sua existência
seja dependente de algo em potencial.

[E se eu lhes desse o ontem mais uma vês?
Se eu lhes desse mais uma chance?
E se eu lhes desse a vida do outro...

- perderia tudo como as moscas
povoam a estrutura do ontem]


As moscas seguram a vasilha de vinho,
O cego o bebe sem que o deus o perceba.

As moscas, do lago de deus, seguram a vasilha
de vinho, os cegos o bebem como veneno que dá vida
Ao olhos cegos das moscas que povoam
as praças dos subúrbios do quadro emoldurado.

[E se eu lhes desse a liberdade?
Se eu lhes desse os sentimentos a flor da pele?
E se eu lhes desse o poder de mudar a história...

-O veneno pularia na veia
da inocência perfurando
as paredes da carne]

E se eu lhes desse o amor livre?
não existiria como coisa
somente, mas como sombras
livres dos grilhões

E viveria de olhos fechados
com a alma nua

Saudades

Posted by Dionísio...

Saudades...
Tenho ela
Em minha
Companhia.
Um dia,
Quem sabe?
Das namoradas.
Um dia,
Quem sabe?
Feliz.
Um dia,
Quem sabe?
Um dia.

Pierrot

Posted by Dionísio...

O amor que primeiro abandonou-me
Abraçou-me, deu-me um beijo

E depois, lento, afastou-se
E nunca mais o encontrei.

Num ser pálido e doente
Resume-se o que consiste

O segundo amor que abandonou-me
Como o vento carrega as sombras

Do destino no horizonte.
Ela olhou-me tristemente,

Eu a olhei muito triste
E nunca mais a encontrei.

Então não posso mandá-la embora
Você sabe que não pode gritar

Mas tudo funciona bem.
viver é fácil com os olhos fechados.

Mulher

Posted by Dionísio...

Eram tantas naquele espelho
Que não sabia que roupa vestir...
Neste corpo de mulher
Nada mais combinava 
Nesta alma de mistério
Com o excesso de ser uma coisa só.
E equilibrio é coisa tão difícil de conseguir.
Ninguém sobrevive a esses grandes extremos, 
E excessos.
Sem mistérios... sem abismos
Misteriosa mulher
Alma clara como água
Roupas despidas...
Qual o teu lugar
Frente o espelho?!!
Ficou nua...
 para se enxergar melhor.

A Palavra Certa

Posted by Dionísio...

"A palavra certa que faça

o mundo andar

Navegar a vida é se entregar ao sonho
Longo,
breve
Louco, leve

Mas seu"

Estalo

Posted by Dionísio...

Voz na linha ténue 
Do labirinto da razão
Perdido em mim a voz minha ecoa
Minto: perversamente soa
Uma porta entreaberta 
Uma janela escancarada 
O vaso de flores capturam 
Pétalas imaginárias da manhã 
Com sua sombra pavonesca 
Me capturam na minha rede de vento 
Alçada na obnóxia sombra minha 
A um passo amargo do amanhã
Parece doce quando vem inverso 
Mas vocês nada sabem do solitário sabor 
Expressivo da morte em flores ainda que flores 
Dos segredos ainda que segredos(mentiras) 
Mentiras; tudo que não sabemos 
Verdades; tudo que não sabemos 
Ilusão; tudo o que vemos 
Tempo; limitação da liberdade
Deus; violação da liberdade 
Deus; violação da espécie 
Dissonância de quando enquanto nada 
Inferno; alienação social 
Amores...Amores... 
Palavras em vão; não precisamos 
De lexidade prolíxa 
Tudo está logo ali não é difícil 
Minhas frases não valem flores mortas 
Tuas palavras não valem minha vida 
Em flores mortas,quando mortas.

Arbeleza

Posted by Dionísio...

O tempo passa incolor aos olhos
Que brilham tolices de um realejo
Por entre paisagens falsas que doem
Sobre esses frios trilhos obtusos

Sou o baluarte que alimenta minha
Cega paixão, nessa morada desnorteada
Em cada esquina do meu amor há um
Certo eu para no fim retornar até quem...

Clipes em cima da cama esquecidos
Certamente pelo o dia que passou,
Levando e movendo as formas
Folhas no espaço das veredasvertigens.

Impossível eu refletido no espelho
Sou vela, sem pavio, sem vento, sem navio
Sem sonhar dentro todo o tempo
A envolver-me corações virgens

Se há sobretudo calor em nós
Então que chova chuva selvagem
Mas se chovem como chovem
Ódio raiva lamas brumas de mágoas

Fico corcalor cheiroclaro de curvador
Comovo-me imóvel sobre os lençóis
De atos raros fatos mistura-da
minha pele mortaviva de prosa e poesia

Quando Cai o Pano

Posted by Dionísio...

Ato I

Somos nós os bons e  
Velhos desfigurados
Poemas dos mundos
Os tons cegos que 
Os cegos enxergam
Na mentira de cada um
Somos o verso do amor
Como instantes no torpor
A sujeira das veredas sem 
Retorno que cobriu a noite...
Dia que, feito eterno
Nas preces contrárias
Não terminaria em belezas 
Que a noite esconderia
Feito brilho em ouro.
As cornetas tocaram 
Índios perdidos sem 
Sentidos assombros 
Arauto dando fim o
Som do fim do dia...

Ato II

Somos o a virtude 
Da moral envenenada
Do por demais humano
Do demasiado humano
Do retorno descompromisado
Desacordado caráter
O retorno da lamuria
Da certa fúria incestuosa
Do veneno cáustico
Em acústicos dizeres...
As dores das horas
Perene penúria
Não se lembram mais
Daquilo que não são
Mas o que poderíamos 
Ser se a vida não nos
Desse as costas?
Talvez oásis, vento frio
Com impáquitotiro
De canhão na madrugada?
Seríamos a melancolia
Incessante feito desprezo.
A alma dilacerada
O ganho conquistado
Pelas altas almas
Superiores conquistadas
De índios subalternos
Aos desejos do medo,
Não seríamos nada
Além Don Quixoteados...

Ato III

Somos o inverso
Da real fatalidade
Em versos escritos
Nos becos funis 
Dos mundos em um.
Nosso pesar é tal como
Enrubescida lâmina
Voz presa na garganta
Segredos que se ateiam
Como pedras que não falam...
E por entre a noite fria
Clamo frente a melodia
Sem temer que a mágoa
Ressentida grite cordéis
Em prosa de silêncio  agonia
Para deixar alguma história
Desatada de uma página nova
Ainda a preencher do esquecimento
O negro ainda será uma metáfora
Do insípido e do incolor...

Ato IV

Da mesma e única solidão
Onde cada um chora sua dor
A rotina persuade o cansaço
A desistência da esperança
Empilhada em grãos amarrados
Pela linha do ventotempo
Onde há profundezas 
Há o demasiado humano.
(E quantos deles são máscaras?
Quanto disso é escudo?)
Quanta dor é cena?
Quanto disso é carne viva?
Quando cair o pano do
Palhaço Don Quixoteado
Aponte o meu abrigo
Quebre suas muletas
E disfarce os sonhos 
Do mundo perfeito
Catalogue as mentiras
E  jogue a consciência fora

Ato V

Humano aponte e não
Diga mais nada...
Pensou pequeno quem
Pensou decifrar o poeta
Fez o abismo quem não
Sente o pulsar plano
Não viu o vulto
Quem tentou explicar
Minha profundeza 
Discorreu no raso da superfície.

Siga seu caminho

Posted by Dionísio...

Amor, não tenha medo,

Uma saída é sempre

O que você vai achar,

Siga o seu caminho.

ela disse assim,

Esta é a sua alma.

Você me verá algum dia?

Não há porque voltar,

Você precisa de mais tempo.

Talvez seu sorriso...

Sim, de fato, eu a amo.

Quem sente o amor?

Como é fazer acontecer?

Pegue o que você precisa

E siga o seu caminho.

Gaste um pouco da vida

E não esconda o seu amor

Cereja

Posted by Dionísio...

A vida em mim
É que é infiel,
Marca breve da
Minha poesia

Musa ardente
Em dias de protestos
Palavras quentes
Em noites de delícias...

Que você sempre
Seja cereja,
Erótica delicadeza
Que de nós dois só
reste o pó,o pólen
Que o vento espalha
Onde nasce as águas

E que as migalhas
Caiam todas
Como na canção
Sobre a areia da praia..

Corpo Frágil

Posted by Dionísio...

A minha irmã, Sílvia Cardoso.

Na mansidão devastada de um sorriso frágil
A descrição momentânea de um sonho palpável
Pálido, torna-se espírito brilhante em queda.
Sábia alma reflexiva no que a torna limpa
Porque olhando o horizonte, cor infinito,
O vento abraça um constante momento
movimento gelado e momentâneo desejo
Escapando à sua face por instante refletida
Saiba que debaixo daquela imensidão de um
apenas permanece sua matéria metafísica
e que agora seu corpo se tornará nexo de algo indizível
E não restará mais palidez ou anemia de sentimentos
Suas asas te levaram ao seu máximo eu
Para mais uma vez atender a sua crença..

Trovador de Arapiraca

Posted by Dionísio...

Mesmo assim;
Vivo, digo, não sei.
mesmo assim;
não sei, digo, vivo.
mesmo assim;
não consigo te esquecer.
"O que me atormenta,
é que tudo é 'por enquanto',
nada é 'pra sempre';"
digo, o que me orienta,
é que tudo, é por enquanto,
o sempre virá no fim.