Estalo

Posted by Dionísio...

Voz na linha ténue 
Do labirinto da razão
Perdido em mim a voz minha ecoa
Minto: perversamente soa
Uma porta entreaberta 
Uma janela escancarada 
O vaso de flores capturam 
Pétalas imaginárias da manhã 
Com sua sombra pavonesca 
Me capturam na minha rede de vento 
Alçada na obnóxia sombra minha 
A um passo amargo do amanhã
Parece doce quando vem inverso 
Mas vocês nada sabem do solitário sabor 
Expressivo da morte em flores ainda que flores 
Dos segredos ainda que segredos(mentiras) 
Mentiras; tudo que não sabemos 
Verdades; tudo que não sabemos 
Ilusão; tudo o que vemos 
Tempo; limitação da liberdade
Deus; violação da liberdade 
Deus; violação da espécie 
Dissonância de quando enquanto nada 
Inferno; alienação social 
Amores...Amores... 
Palavras em vão; não precisamos 
De lexidade prolíxa 
Tudo está logo ali não é difícil 
Minhas frases não valem flores mortas 
Tuas palavras não valem minha vida 
Em flores mortas,quando mortas.

Arbeleza

Posted by Dionísio...

O tempo passa incolor aos olhos
Que brilham tolices de um realejo
Por entre paisagens falsas que doem
Sobre esses frios trilhos obtusos

Sou o baluarte que alimenta minha
Cega paixão, nessa morada desnorteada
Em cada esquina do meu amor há um
Certo eu para no fim retornar até quem...

Clipes em cima da cama esquecidos
Certamente pelo o dia que passou,
Levando e movendo as formas
Folhas no espaço das veredasvertigens.

Impossível eu refletido no espelho
Sou vela, sem pavio, sem vento, sem navio
Sem sonhar dentro todo o tempo
A envolver-me corações virgens

Se há sobretudo calor em nós
Então que chova chuva selvagem
Mas se chovem como chovem
Ódio raiva lamas brumas de mágoas

Fico corcalor cheiroclaro de curvador
Comovo-me imóvel sobre os lençóis
De atos raros fatos mistura-da
minha pele mortaviva de prosa e poesia

Quando Cai o Pano

Posted by Dionísio...

Ato I

Somos nós os bons e  
Velhos desfigurados
Poemas dos mundos
Os tons cegos que 
Os cegos enxergam
Na mentira de cada um
Somos o verso do amor
Como instantes no torpor
A sujeira das veredas sem 
Retorno que cobriu a noite...
Dia que, feito eterno
Nas preces contrárias
Não terminaria em belezas 
Que a noite esconderia
Feito brilho em ouro.
As cornetas tocaram 
Índios perdidos sem 
Sentidos assombros 
Arauto dando fim o
Som do fim do dia...

Ato II

Somos o a virtude 
Da moral envenenada
Do por demais humano
Do demasiado humano
Do retorno descompromisado
Desacordado caráter
O retorno da lamuria
Da certa fúria incestuosa
Do veneno cáustico
Em acústicos dizeres...
As dores das horas
Perene penúria
Não se lembram mais
Daquilo que não são
Mas o que poderíamos 
Ser se a vida não nos
Desse as costas?
Talvez oásis, vento frio
Com impáquitotiro
De canhão na madrugada?
Seríamos a melancolia
Incessante feito desprezo.
A alma dilacerada
O ganho conquistado
Pelas altas almas
Superiores conquistadas
De índios subalternos
Aos desejos do medo,
Não seríamos nada
Além Don Quixoteados...

Ato III

Somos o inverso
Da real fatalidade
Em versos escritos
Nos becos funis 
Dos mundos em um.
Nosso pesar é tal como
Enrubescida lâmina
Voz presa na garganta
Segredos que se ateiam
Como pedras que não falam...
E por entre a noite fria
Clamo frente a melodia
Sem temer que a mágoa
Ressentida grite cordéis
Em prosa de silêncio  agonia
Para deixar alguma história
Desatada de uma página nova
Ainda a preencher do esquecimento
O negro ainda será uma metáfora
Do insípido e do incolor...

Ato IV

Da mesma e única solidão
Onde cada um chora sua dor
A rotina persuade o cansaço
A desistência da esperança
Empilhada em grãos amarrados
Pela linha do ventotempo
Onde há profundezas 
Há o demasiado humano.
(E quantos deles são máscaras?
Quanto disso é escudo?)
Quanta dor é cena?
Quanto disso é carne viva?
Quando cair o pano do
Palhaço Don Quixoteado
Aponte o meu abrigo
Quebre suas muletas
E disfarce os sonhos 
Do mundo perfeito
Catalogue as mentiras
E  jogue a consciência fora

Ato V

Humano aponte e não
Diga mais nada...
Pensou pequeno quem
Pensou decifrar o poeta
Fez o abismo quem não
Sente o pulsar plano
Não viu o vulto
Quem tentou explicar
Minha profundeza 
Discorreu no raso da superfície.