Quando Cai o Pano
Posted byAto I
Somos nós os bons e
Velhos desfigurados
Poemas dos mundos
Os tons cegos que
Os cegos enxergam
Na mentira de cada um
Somos o verso do amor
Como instantes no torpor
A sujeira das veredas sem
Retorno que cobriu a noite...
Dia que, feito eterno
Nas preces contrárias
Não terminaria em belezas
Que a noite esconderia
Feito brilho em ouro.
As cornetas tocaram
Índios perdidos sem
Sentidos assombros
Arauto dando fim o
Som do fim do dia...
Ato II
Somos o a virtude
Da moral envenenada
Do por demais humano
Do demasiado humano
Do retorno descompromisado
Desacordado caráter
O retorno da lamuria
Da certa fúria incestuosa
Do veneno cáustico
Em acústicos dizeres...
As dores das horas
Perene penúria
Não se lembram mais
Daquilo que não são
Mas o que poderíamos
Ser se a vida não nos
Desse as costas?
Talvez oásis, vento frio
Com impáquitotiro
De canhão na madrugada?
Seríamos a melancolia
Incessante feito desprezo.
A alma dilacerada
O ganho conquistado
Pelas altas almas
Superiores conquistadas
De índios subalternos
Aos desejos do medo,
Não seríamos nada
Além Don Quixoteados...
Ato III
Somos o inverso
Da real fatalidade
Em versos escritos
Nos becos funis
Dos mundos em um.
Nosso pesar é tal como
Enrubescida lâmina
Voz presa na garganta
Segredos que se ateiam
Como pedras que não falam...
E por entre a noite fria
Clamo frente a melodia
Sem temer que a mágoa
Ressentida grite cordéis
Em prosa de silêncio agonia
Para deixar alguma história
Desatada de uma página nova
Ainda a preencher do esquecimento
O negro ainda será uma metáfora
Do insípido e do incolor...
Ato IV
Da mesma e única solidão
Onde cada um chora sua dor
A rotina persuade o cansaço
A desistência da esperança
Empilhada em grãos amarrados
Pela linha do ventotempo
Onde há profundezas
Há o demasiado humano.
(E quantos deles são máscaras?
Quanto disso é escudo?)
Quanta dor é cena?
Quanto disso é carne viva?
Quando cair o pano do
Palhaço Don Quixoteado
Aponte o meu abrigo
Quebre suas muletas
E disfarce os sonhos
Do mundo perfeito
Catalogue as mentiras
E jogue a consciência fora
Ato V
Humano aponte e não
Diga mais nada...
Pensou pequeno quem
Pensou decifrar o poeta
Fez o abismo quem não
Sente o pulsar plano
Não viu o vulto
Quem tentou explicar
Minha profundeza
Discorreu no raso da superfície.
0 comentários:
Postar um comentário