Enjaulados ( dilacerou)

Posted by Dionísio...

Pra muitos, "curtir" o aqui-e-agora é o único sentido que a vida pode assumir. Para essas pessoas as coisas jamais vão melhorar para todo mundo e o que resta é uma luta de tolos contra todos, para ver quem vai conseguir seu lugarzinho ao sol.
É a turma do "salve-se quem puder", não a-toa, é essa ideologia mesquinha e pragmática que hoje impera em todo o mundo-ou pelo menos em grande parte dele. Entre os jovens ela provoca grandes prejuízos, não é preciso ir além da primeira esquina para encontrar-mos algum(a) jovem cujo o principal objectivo de vida é o de possuir uma roupa de grife! Não digo que seja errado, mas não podemos viver enjaulados pelo capitalismo...

"Em meu lindo jardim de cabeças humanas, planto as ideologias neoliberais do fim dos tempos. Cabeças com fome de pensamentos egoístas, a raça de meu jardim pensa que domina sua terra e seu ego.Vivem tristes com a amputação de seu sexo, são arrogantes com o diferente. As vezes quase sinto pena desses pobres arrogantes que pensam saber de tudo e a humilhação alheia é um hobby, mesmo assim decido regá-las com o mais puro sangue jesuíta. Caminho por entre elas derramando consciência, ainda sim ignoram-me, fazem questão de mutilar meus pés com seus dentes hipócritas...
Sigo o meu caminho na plantação- que é a profecia do fim- derramando mais sangue e esperando para que o primeiro facho de luz brote do vazio de seus cérebros inúteis."

Balé das Balas

Posted by Dionísio...

Vivem então em meio a um balé de balas
Que ressoam a música da morte sem alma,
Como o sono sem fim, ou morte sonolenta.
Vivem como asnos dando voltas ao redor
Sem fim até que andante bala toque o teto
Do infinito colocando em finito estágio asno.
A bala desbrava a selva do corpo corroendo
Os sentidos dentro, colocando-o em estado
Vegetativo, mas a bala de mais a mais, não
Faz grandes subversões no cadáver-epitáfio.

Tão sem sentido epífito tacanho corpo-abrigo
Antes sem serventia, agora jogado com mais
De nada a dar e mais menos serventia ainda.
Assassínio violento em palavras vetantes
Que passam feito balé de balas assassinas.
Festivas com mortes petrificadas e fricativo
gesto líquido criticamente desesperado e vão.
Ela, ainda que sem sentido sacrário, infame
Em forma metálica, executa seu sacrifício de
Viver agora em decrépito cadáver-epitáfio.

Corpo

Posted by Dionísio...

Sou um corpo
Que dói nos sentires,
Porque o relógio
Das pessoas
Com ponteiros
No tempo amargo
Cantou três vidas
Em que não sei
Porque não sei
Sem que eu saiba.

Já não percebo
As canções do mundo
-Três ponteiros de
Tempo se você quiser.

Nas pessoas, foram apenas
Uma estação em que
A mulher, todos os dias
Se masturbava a olhar-me.

E eu, por minha vez,
Já me tinha esquecido de
Limpar o pó da chave do coração
Que voanda alto sobre as tintas.

Sou um corpomente só meu
Que não tem valor por si só
Nem nos ponteiros de mim
Nem no tempo imperfeito
Nas pessoas existentes

No meu peito estava uma
Sombra à espera
De nascer para a redenção

Querem

Posted by Dionísio...

Querem

Querem-me possuir.

É arte.

É arte dos ponteiros

Ou das pessoas

Ou do tempo

Das pessoas

Nos ponteiros.

Heim?

Posted by Dionísio...

Quantos?
Quantos livros,
Quantos filmes,
Quantos discos?
E os sorrisos,
Quantos?
Quantas vezes, do melhor ao pior?
Quantos rostos?
Quantas unhas, suor?
Quantos medos,
Espelhos, segredos?
Lábios, línguas, saliva…
Conta!
Canta!
Quantos pratos, copos,
Tratos, contratos, retratos?
Quantos pedaços de plástico?
Quantos momentos mágicos?
Erros pra pra consertar,
Lembranças para guardar…
Quantos dias?
Quantas horas?
Quantas?
Você saberia contar

Os Cegos (O Cego)

Posted by Dionísio...

O cego segura a vasilha de vinho,
Deus o bebe sem que as moscas o percebam

O deus, do lago dos cegos,
reflete no espelho d'agua a imagem
dos olhos cegos das moscas que povoam
as praças dos subúrbios do quadro emoldurado.

[E se eu lhes desse uma folha em branco?
Se eu lhes desse só mais um dia?
E se eu lhes desse uma vida em branco...

-O fim seria misterioso
como vaga lumes que povoam
os finos pelos das sombras]

O cisne, do lago dos cegos, projeta
imagens passíveis de existência...

O deus, do lago dos cisnes, só existe
como coisa, porque a coisa existente
existe primeiro sem que sua existência
seja dependente de algo em potencial.

[E se eu lhes desse o ontem mais uma vês?
Se eu lhes desse mais uma chance?
E se eu lhes desse a vida do outro...

- perderia tudo como as moscas
povoam a estrutura do ontem]


As moscas seguram a vasilha de vinho,
O cego o bebe sem que o deus o perceba.

As moscas, do lago de deus, seguram a vasilha
de vinho, os cegos o bebem como veneno que dá vida
Ao olhos cegos das moscas que povoam
as praças dos subúrbios do quadro emoldurado.

[E se eu lhes desse a liberdade?
Se eu lhes desse os sentimentos a flor da pele?
E se eu lhes desse o poder de mudar a história...

-O veneno pularia na veia
da inocência perfurando
as paredes da carne]

E se eu lhes desse o amor livre?
não existiria como coisa
somente, mas como sombras
livres dos grilhões

E viveria de olhos fechados
com a alma nua

Saudades

Posted by Dionísio...

Saudades...
Tenho ela
Em minha
Companhia.
Um dia,
Quem sabe?
Das namoradas.
Um dia,
Quem sabe?
Feliz.
Um dia,
Quem sabe?
Um dia.

Pierrot

Posted by Dionísio...

O amor que primeiro abandonou-me
Abraçou-me, deu-me um beijo

E depois, lento, afastou-se
E nunca mais o encontrei.

Num ser pálido e doente
Resume-se o que consiste

O segundo amor que abandonou-me
Como o vento carrega as sombras

Do destino no horizonte.
Ela olhou-me tristemente,

Eu a olhei muito triste
E nunca mais a encontrei.

Então não posso mandá-la embora
Você sabe que não pode gritar

Mas tudo funciona bem.
viver é fácil com os olhos fechados.