Aprendendo a ser só II

Posted by Dionísio...

O dia foi estranho e intenso
Do início ao fim, perdida por
Entre papéis coloridos, fotos de
Momentos bons e um outro som
Que fazia lembrar os sentimentos
Herméticos esquecidos na memória.
Ela declamou frente o espelho com
Apenas o desejo de estar pronta
Para esta monótona melodia falsa.
No caminho o silêncio fazia a trilha
Sonora para sua dor. Adilson Ramos
Calava lento seu “Sonhar Contigo” e
Levava seu penar leve como pena
Pela subversiva década de sessenta.


A mulher com o coração colorido
Compunha suas melodias pelas ruas,
Perante um oceano negro eternizou
Seus cegos joelhos em ritual de prece
De cabeça baixa, entre os relâmpagos
Que lhe tomara as idéias, chorou.
Chorou acentuada a chuva sofrida.
Chorou um aguaceiro confuso e intenso.
Chorou sua solidão poética e infiel.
Extravasou seus segredos pranteados
Cantados na ilusão microtonal dos gritos
Restando apenas o pó, o pólem que o
Ventoespalha onde nascem as águas
Submersas no silêncio da existência.

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