Monólogo

Posted by Dionísio...

Ô de casa!!! Ô dessa casa!!
Quero prosiá com o porteiro do céu...
Vixi que demora meu tio...
eu tô é tremeno de frio.

Se o sinhô num vinhé, ôxe!!
Eu sô é atrevido
e vou falar quem é que vos fala
na entrada desse portão:

Eu sô o mijadô do cangaço
herói caolho, montado num
num burro que num é rocinante
sou eu mermo, lampião, o rei do sertão

Eu venho de muitas léguas longe
De uma terra de comida e bebida sem
Onde cabra arretado é pá furada
Mas desse engodo me arruminei

E me fiz cabra macho sim sinhô
De cabrobró a priquito sem freio
Agora ói nós aqui, eu e prequeté.
E se tú cum eu inssisti prequé...

sacudo o cabaço de maria pra lá
agarro minha pexera e rasgo o bucho
Do céu, que é pra módis nói vê
Se nósis num entramo.

E eu digo logo, São Priquiti
Abra o portão pela força do nosso sinhô
E pela faca cega dos1600 diabo!
me segure não prequé, me segure não!!!!!

Abra o portão vira-folha!
Aqui é Virgulino Lampião
mermo sendo agregado
Quem é que manda nesse sacrário chão?

Ói...Ói...Arrespeito todo santo
E qualquer religião,
mas quando falar seje baixo prequé!
Seu boneco oco de olinda!!!!

O que?!?! Se avexe não prequé!
Só quero um lugar pra nósis assentar o facho...
pois penso que asveis é melhor o cabra
Assim, macho feito eu, querer nada, antes que nada querer...


E de vossência aí, quero favor não!
Sai da frente, deixe disso...
Se não lhe passo a pexerica
E lhe boto pro outro mundo duasvéis...

Sái da frente, deixe disso.
Minha graça é Virgulino,
E lhe corto o bucho até sair o viço
Do relicário sagrado desse chão...

Abra passagem que já arresouvi!!
Vô botar ordem nesse sacrário chão
Se a vexe não prequé, corre aqui
Venha vê todos esse Santos aí na minha frente tremer...

Ao longo de minha finada vida
Tenho feito muitas mortes
Já provei que não falho, enchendo
Seu sacrário chão a custa do meu trabalho...

Escute logo fresco quero meu lugar
E de prequeté, esse boneco torto de Olinda!!!
Eu sou bandido de bem, vocês tinham combinado
Mato ums cabra assanhado e ocês me garantem regalo.

Mas veja prequé que a palavra é pouca!!
Me solte, vô lasca-lhe a pexera
E corta-lhe o buxo pelas bera
Na sombra de meu padim pracatá

Ôxe! Oque? Fale... Fale... tanto tempo
Que num te escuto falar... fale! Fale!
Seja frouxo não... O que? É...
É que... Bem. Onde já se viu?

Eu, Virgulino Lampião
Mijador do cangaço
Arregado e esculhambado pelo
Um tal Priquiti...

Atrocadocapracausti
Druprelastiferiferofudi hisory
Locolubre-mendimultipliorganiperiodi-plasti
Raprareciprorustisagasimprinte

Laveraveravidaonívora... fudel
E pra dizer ainda uma vez mais
O que pensei em falar, vou pro inferno
Que talvez ele me queira por lá!!

Dionisio Filho

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